Nelson de Oliveira A Festa Eterna rola solta nos metassalões temáticos, reunindo oneironautas de todos os pontos do tempo. É 2066 em SĂŁo Paulo quando Fábio e Nelson chegam, pegam seus coquetĂ©is e combinam, Ă© claro, de se disfarçar de klingons, bloquear o pensamento telepático e anular suas auras. NĂŁo querem ser descobertos pelos quatro patetas, espalhados entre os humanos, aliens e hĂbridos do lugar. Mas, como qualquer aventura que se preze, Ă© claro que tudo dá errado.
É de fato o erro e a extraordinária e recursiva tĂ©cnica de transformar erros em trunfos engraçadĂssimos e perspicazes que roubam a cena nessa primeira incursĂŁo ficcional dos oneironautas. Em capĂtulos cravados de trezentas palavras, escritos em alternância entre Oliveira e Fernandes, a histĂłria avança regada de um humor revigorante e de conceitos estapafĂşrdios em grau exponencial.
É como se um incitasse o outro a ir ainda mais longe, cavucando seus repositĂłrios de armadilhas e escapadelas hollywoodianas. Abundam referĂŞncias cinematográficas, literárias e televisivas, potencializando o sumo nutritivo dos entrecruzamentos ficcionais, acrescidas das constantes homenagens ao movimento artĂstico que melhor materializa o mundo do sonhar e suas espirais simbĂłlicas: o surrealismo.
As armações movediças que sustentam a histĂłria sĂŁo esticadas e esticadas cada vez mais, mas nunca chegam perto de arrebentar. Acompanhar esses viajantes onĂricos na travessia de realidades paralelas entre clones, robĂ´s, monjas assassinas e jogadores de peteca cegos se revela um mergulho sĂłlido nesse caos planejado e imprudente.
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