Vós - Uma autoajuda da maldade
Toni Marques A banalidade do mal virou lugar-comum também como expressão. Como, então , se pode renovar sua literatura? Vós - uma auto-ajuda da maldade propõe uma fantasia sobre a barbárie brasileira – mas também universal. Uma fantasia que saúda e lamenta a voz humana, nos registros mais baixos e mais altos. Escrito de modo fragmentado, o texto conta a história de Alexandre, um médico do serviço público que trabalha com população de rua. Seu bizarro comportamento o leva a adotar uma interna, Jerusa, gostosona fracassada que, no desespero para emagrecer, decidiu tornar-se mendiga, para comer apenas os restos da caridade alheia. Jerusa vive com um vita-lata, uma TV a cabo e uma agenda digital e alimenta a esperança de, tornando-se cobaia de um revolucionário método de emagrecimento, dar uma vida melhor ao doutor que ela tanto ama. Ela parece ser a resposta às perguntas que Alexandre, se torna cada vez mais bárbaro e ele já não sabe se sua barbaridade é exemplar. De poemas integralistas à carta-testamento de Getúlio Vargas, de J.G. Ballard a Kafka, o texto avança com citações recolhidas por meio arrastão, compondo o manual de um horizonte de horror diante de outro horizonte de horror.
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