O Missionário

Embora Inglês de Sousa não tenha alcançado a mesma notoriedade de autores como Émile Zola, Eça de Queirós e Aluísio Azevedo, sua importância no panorama do naturalismo no Brasil é incontestável, retratando sua obra um momento de grandes transformações sociopolíticas. O missionário, publicado em 1888, além da requintada qualidade literária, revela a visão erudita e racional do autor, que, sendo um jurisconsulto e homem de ciência, consegue ver a realidade amazonense além de seu cotidiano, gerando uma tese — a de que o homem é conduzido por forças maiores que a sua vontade, como o meio, a hereditariedade, o instinto sexual —, em uma narrativa minuciosa, que vai muito além do banal, capaz de explicitar e julgar os valores e influências de uma sociedade. Partindo do regional para o universal, Inglês de Sousa, ao delinear e investigar, aproxima o comportamento do paraibano, do mestiço amazonense, do brasileiro, ao comportamento humano de maneira geral, sendo O missionário, mesmo hoje, obra que se mantém atual. (Via Vitrola)