João Gilberto Noll A errância geográfica, a solidão custosa, a vida no limite, o apagamento de si mesmo refletido no encontro de seus iguais, "náufragos desconhecidos", oferecem aos narradores de João Gilberto Noll expressão fundamental a novas formas de escrita.
A solidão que arrastava os poetas ultrarromânticos a buscar na morte a saída para os problemas da existência e que na poesia modernista traz a paixão pela vida, aqui, em João Gilberto Noll, amplia para a paixão pelo humano, "uma abençoada alienação" mental de um narrador, que expele os corpos do cotidiano para sua própria natureza desnuda e libidinal.
Solidão continental é um romance que perfaz um mergulho na plenitude vazia do tempo, na vastidão das coisas, na face carnal da palavra, no espaço do não-ser, um "ai" visceral e obcecado produzido por um narrador em estado mental dolorido pela urgência do humano, um novo corpo de linguagem denso e pulsante no espaço da literatura brasileira.
Eis uma narrativa brilhante, retrato de tempos de "solidão crônica"em que ler é matar um pouco o vazio, uma interessante possibilidade de "vivenciar as emoções, mesmo as mais rasteiras, para o coração não correr o risco de atrofiar".
Tânia T. S. Nunes
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128 Pages