#20 Angélica, Marquesa dos Anjos
Angélica, Rainha de Quebec
Anne Golon Quando, em 1663, LuĂs XIV transformou a Nova França em provĂncia real, englobando a Acádia e o Canadá, Quebec já era o centro administrativo dos poderes civis, militares e religiosos dos territĂłrios franceses na AmĂ©rica do Norte. Apenas consolidou-se, nessa ocasiĂŁo, a interferĂŞncia direta da Coroa nos negĂłcios da colĂłnia, com a criação de um Conselho Superior. Este incluĂa, alĂ©m do governador, o bispo, vários conselheiros e, a partir de 1665, uma nova autoridade, o intendente. A eles competia a administração da justiça e das finanças, alĂ©m da manutenção da ordem pĂşblica.Aos poucos, as atribuições do governador e do intendente se confundiram, provocando frequentes discĂłrdias entre ambos e prejudicando o governo. TambĂ©m o papel do conselho restringiu-se, terminando por manter-se apenas como corte de apelação.Junto a esses prepostos do rei, AngĂ©lica e o marido, o Conde Joffrey de Peyrac, recorrem em busca de justiça. Tentam o perdĂŁo por uma condenação injusta e talvez, quem sabe, a devolução de tĂtulos e bens indevidamente confiscados."VocĂŞ nĂŁo precisa de inspiração diz o Conde de Peyrac "Por trás de seu encanto existe magia!"No castelo de popa do navio Gouldsboro, ancorado na enseada de Quebec, AngĂ©lica adornou-se de jĂłias e cetim para ser recebida pelo Sr. de Frontenac, governador da Nova França e representante na AmĂ©rica de LuĂs XIV, que, um dia, ela desafiara.A medida que se aproximava hora de desembarcar, vinham-lhe Ă mente todos os obstáculos que faziam desse encontro uma loucura. O rei da França, os banira um dia, a ela e ao marido, o Conde Joffrey de Peyrac. Durante longos anos, lutaram contra o soberano, que os condenara injustamente. No Novo Mundo, mesmo, muitos franceses do Canadá os consideravam inimigos, aliados dos ingleses.Agora, ignorando esses entraves polĂticos, desafiando todas as leis, eles iriam avistar-se com o governador, para negociar um tratado de boa vizinhança. Um primeiro passo para recuperar seu lugar no reino e, quem sabe, um dia, reaver nomes e tĂtulos de que se consideravam indevidamente despojados.Amanhecia. A luz no interior da cabine esmaeceu. Ao longe, a pequena cidade colonial, perdida nos ermos selvagens do Canadá, parecia espreitá-los, impassĂvel, sonhadora.AngĂ©lica tocou um dos brincos de diamante, ajeitou outra vez algumas mechas de cabelo, antes de se expor aos olhares do mundo. As horas seguintes decidiriam sobre seu destino...(Contracapa do livro)
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