O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha
Miguel de Cervantes Saavedra 297,070 ratings
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"Depois dos perigos da guerra, dos tormentos de um longo cativeiro, Cervantes suportou cerca de dez anos de viagens por terras ermas e incómodas, miseráveis e de clima rigoroso, de pobreza e dificuldades para o exercício da sua vocação de escritor, pois nesses anos não conseguiu mais que publicar umas poucas poesias avulsas. Em contrapartida, a sua experiência e o seu conhecimento da Espanha (das suas cidades, vilas e aldeias, da linguagem falada em lugares isolados que preservavam as palavras de outros tempos) enriquece-se profundamente: contacta com a trama das relações entre os diversos estratos sociais, desvenda a complexidade dos sentimentos e dos interesses, sonda os abusos dos poderes (político, religioso, económico, militar), sofre a hipocrisia e a duplicidade dos grandes e dos pequenos, assiste às mudanças que se vão operando na sociedade que resvala na decadência que com força crescente mina a nação. [...] Quanto à minha tradução, que não fiz para comemorar os quatrocentos anos da publicação deste livro que me acompanha desde há muito tempo, fi-la sobretudo para melhor poder saborear esta obra querida, não no seu original mas em algo que também é meu. Pretendi servir o livro traduzido, cingindo-me muito à sua letra, que cifra o seu espírito, o que não foi fácil nem isento de dúvidas e receios: Cervantes não quis dar à sua prosa a dignidade do latim que Góngora pretendeu para a sua poesia, antes quis seguir o conselho que o amigo lhe dá no Prólogo da Primeira Parte: «[...] só procurar que de modo simples, com palavras claras, honestas e bem colocadas, saia a vossa prosa e período harmonioso e festivo, pintando em tudo o que conseguirdes e for possível, a vossa intenção; dando a entender os vossos conceitos sem enredá-los nem obscurecê-los. »" - Da nota introdutória.
O D. Quixote é a obra principal de Miguel de Cervantes (1547-1616). É também um dos livros fundamentais da cultura universal e um dos romances em que a narrativa moderna mergulha as suas raízes.
«É esta enfim a tradução que eu esperava, a tradução que levou quatro séculos a ser publicada e que vem provar uma vez mais o erro sexista que compara traduções a mulheres, dizendo que “as belas não são fiéis e as fiéis não são belas”. 0 D. Quixote de José Bento é belo, é excelente e é fiel.» Almeida Faria, in Público, 11/6/2005
«Excelente tradução.» António Mega Ferreira, in Foro das Letras, 11/2005
«Desde o Verão, não largo a [tradução] de José Bento que me parece inultrapassável e respondeu a muitas das dúvidas que o velho livro de bolso da Colección Austral sempre me deixou.» João Bénard da Costa, in Público, 11/12/2005
TRADUÇÃO E NOTAS: JOSÉ BENTO
GRAVURAS: LIMA DE FREITAS
Genres:
ClassicsFictionLiteratureSpanish LiteratureAdventureHistorical FictionNovelsSpainHumorClassic Literature
962 Pages